quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Saudades: Presença dos ausentes (Olavo Bilac)

Nunca senti saudades com a certeza de não existir um reencontro, e pela primeira vez digo que a saudade é algo terrível e que aos poucos vai desgastando o coração. Não é fácil e arrisco a dizer que é mesmo impossível dar uma definição lógica para saudade, talvez porque se manifeste de diferentes formas de pessoa para pessoa e de motivo para motivo.

Quando perdemos alguém por se cortarem os laços que nos uniam não há palavras que descrevam. É uma saudade que não sabemos quando vai passar, simplesmente porque o regresso não vai mais existir. E então em que devemos acreditar? Com a morte afirmamos que é uma separação física apenas, já que a união não desaparecerá com a partida. Com todas as outras hipóteses possíveis sabemos que a pessoa voltará e rapidamente a saudade vai acalmando.

Mas questiono-me, como superar a saudade pela ruptura de laços? Em que pensar? Qual o rumo a seguir se a pessoa está sempre tão presente?

Esta saudade nunca desaparecerá da maneira desejada, e é sem dúvida a que pessoalmente mais me magoa. A confusão instala-se na cabeça e o sentimento no coração. Preferia que fosse ao contrário, já que a desordem da cabeça não é capaz de curar a ferida do coração.

Afinal, o sentimento de saudade não é assim tão lindo como achava, apenas porque desconhecia este seu lado cruel. Faz-me ficar desorientada e com vontade de me recolher ao meu cantinho pequenino, aquele cantinho que é só meu e que nunca me desiludirá. A dúvida permanece mesmo assim.

O que fazer para a saudade desaparecer, quando a maneira que desejamos é completamente impossível? Será que devo enganar esta saudade? Mas enganar não é apagar, permanecerá em mim e um dia voltará.

Seguirei em frente com uma nova vida e sei que esta saudade me acompanhará, mas talvez não seja capaz de me acompanhar em tantas novas vivências e fique para trás. Ficarei então mais vazia, mas o que vou ganhar com a sua desistência de certeza que será compensador e um dia direi "com aquela terrível saudade tornei-me assim (...), afinal fez-me bem".

“A saudade é um sentimento do coração que vem da sensibilidade e não da razão.” Dom Duarte.

Será?!

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