sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ando perdida, desorientada


Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

3 comentários:

  1. Espero que seja apenas no poema!
    Deixo um abraço apertado para só para o caso...



    Beijocas :)

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  2. Florbela é uma poetisa de primeira, mas deixa-nos um travo de tristeza.
    Acho, peço perdão, que estes sonetos não são bons conselheiros.

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  3. Querida,
    Temos momentos assim... e como o temos e como são desesperantes... sei.
    E há leituras que, por vezes, ainda estimulam mais esse nosso sentir.

    Bjnhs

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